Inovação redefine o futuro do mercado segurador no País
Estudo mostra que 71% das empresas planejaram aumentar os recursos destinados à inovação neste ano, projetando os investimentos em R$ 18,7 bilhões, em 2024. Por: Alexandre Leal
O estudo “Investimentos em Inovação no mercado de seguros, saúde, previdência complementar aberta e capitalização no Brasil”, lançado no último dia 5 de dezembro, analisa em profundidade como as empresas desses segmentos têm utilizado a inovação para alcançar maior eficiência, competitividade e diferenciação. A iniciativa, idealizada pela CNseg em parceria com a consultoria Capgemini, preenche uma lacuna significativa na compreensão do cenário de investimentos em inovação. Essa análise é particularmente importante no momento em que transformações tecnológicas moldam profundamente os mercados e exigem adaptação constante.
A pesquisa foi baseada em entrevistas com 24 executivos, representando 55 empresas, que, juntas, responderam por 55,1% da arrecadação do setor em 2023. A metodologia incluiu um questionário de 20 perguntas, abrangendo aspectos como áreas prioritárias para investimento, desafios enfrentados e expectativas para o futuro. O estudo identificou que, em 2023, aproximadamente R$ 8,8 bilhões foram destinados à inovação por essas empresas, o que equivale a 2,4% da receita anual. Quando extrapolado para todo o setor, estima-se que os investimentos em inovação tenham ultrapassado R$ 16 bilhões no ano passado.
As expectativas para o fechamento de 2024 são ainda mais promissoras. Segundo os entrevistados, 71% das empresas planejaram aumentar os recursos destinados à inovação neste ano. Com isso, os investimentos projetados devem alcançar R$ 18,7 bilhões, ou 2,5% da arrecadação total do setor. Esse crescimento reflete o compromisso das organizações em se adaptarem às novas exigências do mercado e em adotarem tecnologias avançadas para impulsionar sua transformação digital.
O estudo detalha ainda o comportamento dos investimentos por porte, origem do capital e perfil corporativo das empresas. Entre as companhias do segmento S1 definido pela Susep e as de grande porte, segundo os critérios da ANS, 50% investiram entre 1% e 2% da receita em 2023, e esse percentual deve aumentar para 67% em 2024.
No segmento S2 (e médio pela ANS), 40% das empresas alocaram até 1% da receita para inovação no último ano, com uma migração gradual para faixas de investimentos superiores em 2024. Já no segmento S3 (e pequeno porte pela ANS), as maiores concentrações em 2023 ocorreram na faixa de até 1% da receita (38%), mas os dados indicam maior dispersão nos valores planejados para o próximo ano, refletindo as diferentes estratégias adotadas por essas empresas.”
A origem do capital também influencia o perfil de investimento. Empresas de capital nacional demonstraram maior propensão a investir percentuais mais elevados de sua receita em inovação, especialmente em comparação com aquelas de capital estrangeiro. Em 2023, enquanto 40% das estrangeiras investiram até 1%, entre as nacionais houve uma maior distribuição em faixas superiores, com 29% alocando de 1% a 2% e outros 29% destinando entre 2% e 3%. Em 2024, espera-se que essa diferença se mantenha, com empresas nacionais liderando os investimentos mais robustos.
Quando analisadas pelo perfil corporativo, as seguradoras ligadas a conglomerados financeiros mostraram maior consistência e volume em seus aportes para inovação do que as seguradoras independentes. Em 2023, 43% das seguradoras de conglomerados financeiros investiram entre 1% e 2% da receita em inovação, e 29% direcionaram de 2% a 3%. Para 2024, 57% dessas empresas planejaram alocar de 1% a 2%, enquanto 29% manterão investimentos na faixa de 2% a 3%. Já entre as seguradoras independentes, os números são menos uniformes: 24% projetaram investir até 1% em 2024, enquanto outros 24% destinariam de 2% a 3%.
Outro aspecto relevante examinado pela pesquisa foi o impacto da regulação sobre a inovação no setor. Medidas como o Sandbox Regulatório da Susep têm incentivado empresas a explorar novas soluções. A ANS, por sua vez, estuda implementar mecanismos semelhantes para o setor de Saúde Suplementar. Apesar desses avanços, 10% dos entrevistados apontaram a regulação como um entrave à inovação, embora 30% tenham identificado a dependência de sistemas legados como o principal obstáculo.
Os investimentos realizados em inovação têm sido distribuídos de forma equilibrada entre produtos e serviços, processos e infraestrutura tecnológica. A gestão da distribuição se destacou como uma área prioritária, com iniciativas como portais para desenvolvedores, estratégias plug-and-play, ferramentas no code/low code, autosserviço digital e inteligência artificial generativa para suporte a corretores. Esses avanços reforçam a transformação digital e a modernização das interações com clientes e parceiros.
O futuro da inovação nesses mercados é marcado por otimismo. As empresas reconhecem que a transformação digital é essencial para a sobrevivência e a competitividade e estão ampliando seus investimentos em tecnologias avançadas, como inteligência artificial, analytics e automação. A relação com os canais de venda também tem evoluído, fortalecendo a integração entre tecnologia e experiência do cliente.
Em síntese, o estudo destaca um mercado em transformação, em que a inovação deixou de ser uma escolha estratégica e se tornou uma necessidade. As empresas estão cada vez mais conscientes da importância de investir em soluções tecnológicas para melhorar sua eficiência operacional, fortalecer a experiência do cliente e garantir seu crescimento sustentável.